O Arquivo Público e Histórico de Rio Claro foi selecionado para participar da conferência através da apresentação do trabalho “Fundo Cecília Wetten: a reinvenção de uma vida para a além da repressão militar”, elaborado pela analista de gestão documental da autarquia, Talita Gouvêa Basso.
Dos 90 trabalhos inscritos até o mês de julho, 35 comunicações foram eleitas para integrar o evento que adotou como tema principal “Arquivos pessoais e cultura: uma abordagem interdisciplinar”. A comissão organizadora divulgou o resultado em agosto, que incluiu instituições dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Espírito Santo.
Conforme a historiadora Talita Gouvea, o projeto definiu-se a partir da necessidade de disponibilizar aos pesquisadores do Arquivo Público o acesso ao arquivo pessoal da jornalista Maria Cecília Bárbara Wetten, destaque no cenário político brasileiro no ano de 1977.
Por sua militância no Movimento de Emancipação do Proletariado (MEP) durante a ditadura militar, Cecilia Wetten foi presa no Rio de Janeiro, acusada de infringir a Lei de Segurança Nacional. Anistiada do crime que lhe custou meses de tortura no cárcere, engajou-se na luta pela anistia e pelos direitos humanos.
“Só foi possível realizar este projeto porque o Fundo Cecília Wetten está organizado e classificado no Arquivo de Rio Claro, o que facilitou a minha pesquisa”, diz Talita.
A abertura da conferência contou com as palestras das professoras Claudia Poncioni, da Université Sorbonne Nouvelle, e Ana Maria de Almeida Camargo, da Universidade de São Paulo.
“A participação nesse evento foi importante porque além de divulgar o nosso acervo, dialogamos com diversos profissionais da área e tivemos contato com novas metodologias”, comenta Talita. “O estudo do Arquivo de Rio Claro ficará nos anais deste encontro da Fundação Casa de Rui Barbosa, que tem a proposta de tornar-se bienal”, completa.
Segundo a superintendente do Arquivo Público, Maria Teresa de Arruda Campos, o setor de pesquisa da autarquia abriga 57 fundos e coleções significativas para história de Rio Claro. Entre conjuntos pessoais e de instituições destacam-se as coleções Marcello Schimidt, Roberto Palmari, Benjamim Ferreira, Vilmo Rosada, Fazenda Santa Gertrudes, Faculdade de Ciência e Letras de Rio Claro, Fundo Rádio Clube de Rio Claro e Biblioteca Rui Arruda, entre outros.
Em outubro, o Fundo Plínio Salgado, o maior acervo pessoal sob guarda no Arquivo, com mais de 60 mil peças do líder integralista, recebeu certificação no Programa Memória do Mundo da Unesco – Memory of the World – MoW. A cerimônia de outorga do Diploma do Registro será realizada no dia 11 de dezembro, na sede do Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, com a participação de representantes da Unesco.
A doação do Fundo Cecília Wetten ao município de Rio Claro foi feita em 2011 por Olga Salomão e o casal Nilson Santos e Elisabete de Lourdes Cristofoletti. A finalização do acervo foi concluída em 2012 e encontra-se disponível para consulta.
A matéria do Arquivo de Rio Claro “Fundo Cecília Wetten: a reinvenção de uma vida para a além da repressão militar” foi selecionada ao lado de trabalhos produzidos por renomadas instituições do Brasil e do exterior.
Entre os artigos apresentados ressaltam-se o espólio de Ernesto de Sousa, da Universidade Nova Lisboa, Portugal, Profa. Dra. Irène Fenoglio, do L’Institut des Textes et Manuscrits Modernes, França, arquivo pessoal de Fernando Henrique Cardoso, Unesp, o arquivo de Getúlio Vargas, UFSC, Santa Catarina, o acervo de José Gregori, CPDOC/FGV, Rio de Janeiro e Editing Political Papers, Robert Riter, Universidade do Alabama, EUA.