MENU

accessible_forward Acessibilidade
01 de setembro de 2011 Desenvolvimento Social

Alagoana dá a volta por cima com apoio de projeto e programas sociais

Como colaboradora, Maria Piedade cuida de serviços gerais no Projeto PAI

Como colaboradora, Maria Piedade cuida de serviços gerais no Projeto PAI

Fé, determinação e coragem de enfrentar o novo, aliados aos incentivos do Projeto Pai, Bolsa Família e Renda Cidadã resgatam a vida de Maria Piedade, abandonada nas ruas de Rio Claro desde criança
Simplicidade e humildade. Nos lábios um sorriso de espanto, nos olhos determinação, no coração muitos sonhos. Essa é Maria Piedade (53), imigrante de São Miguel do Canto – Alagoas, mãe de sete filhos e de quatro netos, sendo um especial. Rodando o interior paulista chegou a São Paulo aos nove anos, em companhia do pai, deixando em Alagoas sua mãe. Chegando a Rio Claro não sabia Maria que esta cidade lhe traria dois marcos: o cair e o levantar. Aqui fixou residência e iniciou sua história, agora também sem o pai, que voltou para Alagoas.
Trazia na bagagem abandono e desespero, perdida em meio à luta pela sobrevivência. Sua residência foram as ruas da cidade, onde aprendeu a roubar o pão e o leite de cada dia. Desde cedo conheceu os bares do bairro onde vivia, penetrando em uma adolescência perturbada, dissipada em vícios, dentre eles o álcool. Gostava da diversão que os bares ofereciam, das amizades fáceis, da vida sem laços ou compromissos.
Entre idas e vindas nos bares da cidade, fez amizades duvidosas e também ganhou um companheiro que lhe deu um teto. Mais tarde, com sete filhos, perdeu também o amigo e depois a casa onde mora, pois apareceu outra pessoa dizendo-se proprietária. Já fragilizada pelos vícios, enfrentou então o pior momento em sua vida: um ano de internação em uma Casa de Recuperação em São Paulo.
Somente há nove anos que sua vida começou a mudar. Com o nascimento de seu filho Luan, aproximou-se do Plano de Assistência à Infância (PAI), onde passou a deixar duas netas gêmeas e o filho Luan, levando a comida pronta que sobrava do PAI para sustentar a família que ficava em casa.

O DESPERTAR
Foi no Plano de Assistência à Infância (Projeto PAI) que Maria Piedade conheceu e viu aflorar dentro de si novos valores. Descobriu que existe outro jeito de viver, mais solidário e justo. Tanto fez e pediu para participar deste mundo que acabou conquistando o aval da coordenadora para ser voluntária no projeto.
“No início eu limpava e cozinhava, mas sem muita vontade. Só comecei a dar valor pelo que fazia quando ouvia as crianças fazendo orações e agradecendo a cada dia aquilo que tinham”.

Sem trabalho fixo e não querendo ser registrada para ter tempo de cuidar da família e continuar sendo voluntária, Maria teve seu perfil aprovado junto aos programas sociais como o Renda Cidadã e Bolsa Família, passando a receber um total de R$ 110,00 por mês. Paralelamente foi indicada pelo PAI para fazer faxina na Igreja Adventista, uma vez por semana, complementando sua renda mensal com mais R$ 80,00.
“Como levo para casa comida pronta do Projeto, utilizo minha renda para pagar contas de água e luz. Com o que sobra, com o passar dos meses consegui arrumar meu quarto que estava caindo, o corredor e a calçada da casa onde moro”, diz Maria Piedade.
Segundo a alagoana, tudo o que aprendeu no PAI torna sua bagagem bem maior e hoje se sente uma pessoa útil à sociedade, tirando de dentro de si muitos valores adormecidos: “Hoje sei que tenho muito de mim para dar aos outros”.
Com a vida tomada pelos afazeres de casa e do Projeto, Maria não sente mais a falta da bebida e das companhias dos bares, pois voltou-se mais para a família, novos amigos e o projeto PAI, considerados hoje as coisas mais importantes de sua vida.
Maria ressalta que as mudanças que ocorreram em sua vida a transformaram em uma pessoa vitoriosa, capaz de crescer ainda mais: “Hoje acredito e posso mostrar para meus filhos e netos que tudo pode ser superado, basta ter fé, força de vontade e prazer naquilo que se faz”.

Sobre o Projeto PAI

O Plano de Assistência à Infância (Projeto PAI) é desenvolvido em Rio Claro com apoio da Prefeitura, por meio de parceria com a Secretaria Municipal de Assistência Social. Tem como finalidade oferecer cursos, atividades recreativas e refeições às crianças que utilizam seu espaço após horário das aulas evitando que nas ruas sejam vítimas da violência urbana, como tráfico e consumo de drogas. Objetiva, ainda, desenvolver a afetividade das crianças, incentivando-as a demonstrar carinho e reconhecimento às pessoas que participam de sua vida.
A entidade funciona na Avenida 13, número 100, Jardim Novo Wenzel, das 7 às 17 horas e atende 160 crianças de 6 a 13 anos no contra turno escolar, em dois períodos. Essas crianças são moradoras dos bairros Jardim Bonsucesso e Jardim Novo Wenzel, que contam com o acolhimento, serviços e atenção de 18 pessoas, dentre elas, monitores, professores, psicóloga e assistente social.
Os jovens participam de atividades sócioeducativas como informática, artesanato, canto coral, teatro, esporte e lazer, recebendo duas refeições por período. As atividades contribuem na formação das crianças como cidadãos.

Pular para o conteúdo