Cantar em público, fazer parte de um jogral ou coral, tocar pandeiro, violão ou outro instrumento musical hoje é realidade para o grupo de 32 cegos que frequentam o Centro Municipal de Atendimento aos Cegos (CMAC) em Rio Claro. Para a comemoração da Páscoa, que ocorreu na última quarta-feira (27) os usuários prepararam uma grande surpresa para os familiares.
Todos fizeram parte do coral ou do jogral, que inundaram de paz todos os presentes. Alguns fizeram apresentações individuais, acompanhados pelos acordes de um violão ou de um pandeiro, mostrando seus dotes aos visitantes.
Keli Menezes Vieira (26) perdeu a visão há três anos e meio e se surpreendeu com as atividades: “Esta é a primeira vez que tivemos a oportunidade de descobrir e mostrar nosso talento aos familiares. Eles se integraram a nós em uma só festa, e assim pudemos mostrar que somos cegos mas somos criativos, capazes de partir em busca de nossa inserção social e cultural”.
Adriana Maria Cozza (48) é cega de nascença, mas exímia no violão. Foi usuária do CMAC e hoje é funcionária pública, trabalhando no local como instrutora de Braille. Confessa estar maravilhada com a festa: “Achei muito significativo a oportunidade de integração entre cegos e familiares. Quanto às apresentações culturais, foram altamente positivas, um grande incentivo para despertar o talento que existe dentro de cada um de nós”.
Para a secretária municipal de Ação Social Luci Helena Wendel Ferreira, a nova coordenação do CMAC segue à risca uma das diretrizes do governo municipal, que é ‘cuidar das pessoas’: “Uma vez que cuidamos das pessoas, em especial daqueles mais fragilizados por um ou outro problema, aprendemos uma nova forma de enxergar as pessoas por dentro, incentivando para que elas demonstrem seus talentos de forma criativa, inserindo-se neste grande espetáculo que é a vida”.
O Centro Municipal de Atendimento ao Cego (CMAC)
Em atividade desde 1988, o CMAC hoje é vinculado à Secretaria Municipal de Ação Social. Atende de segunda a sexta-feira, das 8 às 16 horas, na Avenida 5 nº 55 – entre as ruas 1 e 2 – Centro. Recebe 32 usuários na faixa etária entre 18 a 60 anos, para atividades lúdicas, aulas de macramê, pintura em tela, mosaico, braile, informática e outras.
Os cegos são acompanhados por uma equipe composta por 19 pessoas, que cuida de suas necessidades e aprendizagem, dentre elas coordenadora, psicóloga, naturóloga, assistente social, fisioterapeuta, monitoras, serviços gerais. Recebem três alimentações por dia: café da manhã, almoço e lanche da tarde.