Longe vai o tempo em que somente pessoas em situação de vulnerabilidade social ou com vínculos familiares rompidos ocupam as ruas da cidade. Os costumes estão mudando e com eles muda também o valor que se dá à vida. Hoje, jovens universitários, envolvidos com drogas, disputam os becos com seus antigos moradores, em sua maioria alcoólatras, resistindo às intempéries e ao frio.
A Operação Inverno, que tem como objetivo socorrer pessoas que padecem de frio, teve início em junho com o acolhimento dos que procuravam a Casa Transitória. De julho a agosto foi realizada a Ronda Noturna, que fez em torno de 60 abordagens. Na maioria, eram jovens do sexo masculino, entre 25 e 40 anos, com nível universitário e viciados em drogas, sendo que alguns são da cidade e outros provenientes de outras localidades.
As informações são da Casa Transitória e da assistente social Elaine Papesso, que faz parte da equipe de trabalho da Ronda. Elaine explica que, para o próximo ano, será feita uma avaliação do perfil dos usuários, para melhor adequação do trabalho, uma vez que houve mudanças no perfil dos atendidos: “Nos anos anteriores as pessoas que dormiam na rua eram adultos alcoólatras e não jovens viciados em drogas”.
Apesar do novo cenário, Elaine analisa o resultado da Operação Inverno 2011 como positivo. Explica que de cada cinco abordagens feitas durante a Ronda Noturna uma pessoa foi recolhida para a Casa Transitória. “Aos que preferiam ficar nas ruas, foram oferecidos cobertores, lanche e café, respeitando o direito de ir e vir de cada um”.
A Operação Inverno realizada em Rio Claro é desenvolvida pela Casa Transitória, em parceria com a Prefeitura Municipal, por meio da Secretaria Municipal de Ação Social, que direciona recursos para contratação de assistente social, motorista e outras despesas necessárias. A Secretaria Municipal de Segurança disponibiliza guardas civis que acompanham a operação para maior segurança da equipe, consulta as fichas das pessoas abordadas, via rádio, e aciona a Polícia Militar, quando necessário. A Secretaria de Saúde disponibiliza o atendimento emergencial, que é feito por intermédio do SAMU.
Participam, ainda, da operação: o Conselho Tutelar, que é acionado quando existem menores envolvidos; já o Centro de Referência de Assistência Social (CREAS), por meio do Serviço Especializado em Abordagem Social Para Pessoas em Situação de Rua, aborda as pessoas que dormem na rua pela manhã, fazendo os encaminhamentos necessários. A equipe é composta por assistente social, psicóloga e técnicos em Desenvolvimento Social (TDS).
Acolhimento na Casa Transitória
Muitas das pessoas abordadas na rua durante a Ronda Noturna da Operação Inverno recusam o acolhimento na Casa Transitória. Entretanto, um em cada cinco segue para a instituição onde recebe higienização, roupas, alimentação e pernoite. Pela manhã passa por uma avaliação social na qual são verificadas suas necessidades emergenciais.
A partir desta avaliação são feitos os encaminhamentos para a área da saúde, adquiridas passagens para os locais onde residem suas famílias e providenciados documentos para os que não têm.