Na mão, uma tala ortopédica. Um chapéu de palha protege a fonte de sua criatividade, a cabeça. No entardecer de domingo (18), a paulistana radicada em Rio Claro há 13 anos, arruma com carinho e cuidado todos os seus produtos na bancada, enquanto a população se aconchega na praça “Dalva de Oliveira”. É uma noite agradável de seresta, com direito à popular Feira de Economia Solidária.
Ela é Silvia dos Santos (63). Casada, cuidou de quatro filhos e oito netos, enquanto trabalhava como doméstica e ascensorista para complementar a renda familiar. Contudo, conta que, nos últimos anos, a busca por um emprego não foi frutífera, devido à idade, prejudicando sua vida profissional. A falta de uma fonte de renda própria a deixou aborrecida e tão infeliz que chegou a pensar em abandonar sua casa.
Em um desses momentos de desalento Silvia resolveu sentar-se em sua rede, na tentativa de espairecer, e caiu, machucando a mão. O médico que lhe prestou atendimento, na época, disse não ser nada grave. Aconselhou-a apenas a manter a mão engessada por um determinado tempo. Percebendo que não havia melhora, Silvia foi para São Paulo e, após realizar diversos exames, foi constatado que o quadro era irreversível. “Eu precisava ter operado quando me machuquei e, como não aconteceu, o ligamento rompido se agravou”, disse Silvia.
A fragilidade de sua estrutura óssea contribuiu com o dano permanente. Decidida a não desistir, Silvia encarou mais de 260 sessões de fisioterapia, buscando recuperar um pouco do movimento da mão.
Cerca de sete meses após, longe da fisioterapia, sua mão voltou a piorar, e ela já não tinha dinheiro para mais sessões. Um dia, lhe deram um saco de elos velhos, usados na confecção de meias. Disso surgiu a oportunidade para dar a volta por cima. Silvia limpou aquele material e com ele começou a criar cortinas e foi convidada a participar da Feira de Economia Solidária.
“As partes dessa cortina hoje estariam no lixo se eu não as tivesse aproveitado”, explica Silvia. “Agora, além de eu sentir-me bem outra vez, posso ajudar na renda de minha casa. Antes eu fumava, caçava moeda pra comprar um maço de cigarro, agora não fumo mais, porque o artesanato me preenche. É um sinal que vai dar certo”, finaliza.
Sobre a Feira de Economia Solidária
O evento é uma iniciativa da Secretaria Municipal de Ação Social, por intermédio do Programa de Economia Solidária, vinculado ao Centro Público de Economia Solidária, situado nas dependências da antiga Unesp Santana, na Avenida 30, esquina com a Rua 10.
A Feira é aberta a todas as pessoas que confeccionam produtos caseiros ou artesanais em diversas áreas, como alimentação, decoração e outras, com a finalidade de geração de renda. Acontece periodicamente em diversos locais, como Estação, Jardim Público, Paço Municipal, e tem agradado ao público, que comparece em número cada vez maior para prestigiar os diversos trabalhos dos artesãos, que juntos constroem uma nova economia para Rio Claro.
No último dia 18 de março (domingo), o evento foi realizado na Praça Dalva de Oliveira, durante a realização da Seresta domingueira. Outras edições estão previstas para acontecer a partir de abril, em espaço cedido pelo Supermercado Enxuto.
Mais informações podem ser obtidas junto ao Programa Municipal de Economia Solidária, pelos telefones 3524-2984 ou 3524-4124.e, na tentativa de espairecer, e caiu, machucando sua mtar em sua rede, na tentativa de espairecer.