Mais de 2.500 pessoas sofreram acidente de trabalho no município de Rio Claro nos últimos sete meses. É o que mostra levantamento divulgado nesta terça-feira, 27, pelo Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) relativo ao período de setembro de 2009 a abril de 2010. Os dados estão nos Relatório de Atendimento ao Acidentado do Trabalho (Raat), documento que é obrigatório em Rio Claro desde o ano passado, conforme decreto assinado pelo prefeito Du Altimari.
A divulgação tenta chamar a atenção para o Dia Mundial em Memória das Vítimas das Doenças e Acidentes do Trabalho, que marca, em 28 de abril, a assinatura, em 1914, da primeira lei sobre benefícios concedidos aos trabalhadores vítimas de acidentes de trabalho no Canadá.
“A obrigatoriedade passou a nos dar subsídios para intervenções preventivas e de orientação, bem como para o desenvolvimento de um trabalho educativo”, afirma José Carlos Duarte, coordenador do Cerest. O prefeito Du Altimari destaca que os novos procedimentos representaram “um presente à classe trabalhadora e um incentivo às empresas, pois, com números precisos em mãos é possível estabelecer ações preventivas de amplo alcance”.
De acordo com o decreto municipal, as entidades que prestam serviços de saúde terão de enviar relatório ao Cerest cada vez que atenderem um trabalhador acidentado. As instituições de saúde têm de relatar a ocorrência de todos os acidentes de trabalho, bem como as condições de atendimento ao acidentado, inclusive, para os casos que envolvam trabalhadores sem carteira assinada.
Após um período de discussão e capacitação dos trabalhadores que iriam produzir os referidos relatórios, o Raat foi implantado nos serviços de pronto atendimento e urgência/emergência municipais. Dos 2.518 acidentes de trabalho registrados até o momento, 913 foram atendidos nos Pronto-atendimento do Cervezão, 867 no Pronto-atendimento do Bairro do Estádio e 733 no Pronto-socorro da Avenida 15. Cinco foram registrados no pronto-atendimento do Wenzel.
O Cerest analisou 501 destes acidentes, conseguindo apurar, dentro outros, os seguintes dados: 75,65% dos trabalhadores acidentados estão na faixa etária entre 21 e 50 anos; os acidentes típicos (aqueles que ocorrem nas dependências das empresas) foram da ordem de 66,47%, já os acidentes de trajeto (aqueles que ocorrem entre a ida e volta do trabalho) foram da ordem de 31,74%; veículos de transporte foram causa para 28,9% desses acidentes, enquanto máquinas e equipamentos foram registrados como sendo a causa para 18,96% deles; cerca de 78,04% desses trabalhadores tiveram afastamento do trabalho entre um e 15 dias.
A coordenação do Cerest ressalta que, pela primeira vez está se criando, em Rio Claro, um sistema municipal de informações sobre acidentes e doenças do trabalho e que o sistema deverá ser aperfeiçoado a cada momento. A expectativa é de que, com esse instrumento, sejam desenvolvidas políticas públicas que visem reduzir e prevenir acidentes de trabalho na região.
O Cerest está localizado na Rua 2, nº 729, no centro da cidade. Além de Rio Claro, o centro atende os municípios de Analândia, Araras, Conchal, Cordeirópolis, Corumbataí, Ipeúna, Itirapina, Leme, Limeira, Pirassununga, Santa Cruz da Conceição e Santa Gertrudes.