Grupo de 13 pessoas, sete mulheres e seis homens, recebeu nesta quinta-feira (06) da presidente do Fundo Social de Solidariedade do Município (FSSM), Rosana Pinhatti Altimari, e de sua equipe de trabalho, aparelhos auditivos adquiridos – com licitação – pela entidade à empresa Starkey, de São Paulo, de reconhecido know-how no setor e tradição na comercialização dessa tecnologia. Cada um dos beneficiados recebeu dois aparelhos e a aquisição do Fundo Social inclui a manutenção dos aparelhos e acompanhamento fonoaudiológico.
O contrato firmado com a empresa prevê a entrega de 150 aparelhos, que serão distribuídos em cotas mensais, respeitando a fila de espera e, em casos especiais, priorizando alguns beneficiados por recomendação médica.
Rosana explica que a decisão de adquirir os aparelhos com recursos próprios do órgão, originados dos eventos que o FSS realiza periodicamente, se deu em função das dificuldades encontradas pelos deficientes auditivos de Rio Claro em adquirir os aparelhos. “A demanda é grande e o Centro de Habilitação Princesa Victória, que faz este atendimento, consegue fornecer seis aparelhos por mês, mas a demanda é bem maior, ocasionando uma fila de espera prolongada, o que tem impacto na qualidade de vida dessas pessoas, principalmente os mais idosos”, diz a presidente do FSS. “Por isso, decidimos estabelecer parceria com o CHI para, desta forma, contribuir para que a fila ande mais depressa”.
Segundo Rosana, deficiências de audição trazem prejuízos à vida desses cidadãos. “Eles tendem a se fechar, ficam mais introspectivos, criam uma barreira para se comunicar até mesmo no seio familiar e este mutismo compulsório com certeza não faz bem a qualquer ser humano”. E completa: “A vida pede participação, alegria, interação com o mundo que nos cerca, portanto, não é justo nem concebível que a falta de condições financeiras prive as pessoas de terem uma existência plena”, resume.
Plenitude é o que Jair Cristofoletti, 74, vai viver a partir de agora ao lado da esposa, Olinda, dos cinco filhos e cinco netos. “Fiquei com dificuldade de escutar há 10 anos e espero pelo aparelho há três anos” revela o aposentado. A filha, Rosimeire, veio acompanhá-lo na entrega dos aparelhos e trouxe as netas de Jair para participarem daquele momento significativo para toda a família. No colo de Rosi, o pequeno Lucas, de três meses, ressonava tranqüilo. Feliz com a sorte do avô e com a boca lambuzada de bolo de cenoura recoberto com chocolate, a sorridente Mariana, de sete anos, devorava a suculenta fatia sob o olhar sério da irmã Amanda, de 14. Pedro, de dois anos, também filho de Rosi e neto de Jair, ficou em casa. “Era muito gente para me acompanhar aqui” brinca o aposentado, preparado para retomar um colóquio mais natural com familiares e amigos. “Estou muito, muito feliz, vou poder ouvir sem forçar”, agradece Jair.
Para Carmen Degrisile de Oliveira, ouvir bem, com clareza, é uma dádiva. “Depois de 10 anos com a audição reduzida, é a primeira vez que terei a oportunidade de usar este aparelho”, relata. “Sem ouvir, a gente vai se acostumando a também não falar e se ausenta da vida, dá uma sensação de isolamento” testemunha Carmen. “As dificuldades são muitas, só consigo ver televisão com o volume no máximo e bem perto da tela” explica. Limitações que, segundo ela, vão ficar definitivamente para trás.
Depois de usar aparelho auditivo durante dois anos, há muito tempo, a aposentada Maria Aparecida Diniz Mendonça, 70 anos, conta que o minúsculo equipamento deixou de funcionar e ela não mais adquiriu outro. Observada pela filha, Célia, ela, comedida nas palavras, exprime felicidade. “Estou satisfeita, vou me comunicar mais, conversar muito”, promete, enquanto os olhos azuis denunciam certa ansiedade para colocar o novo aparelho nos ouvidos.
Atingido por um motociclista quando pedalava sua bicicleta, há vários anos, o também aposentado Mateus Rodrigues de Oliveira, 73, ficou com seqüelas do acidente, informa seu filho, Aparecido, 43, que substituiu o pai na entrega dos aparelhos pelo Fundo Social nesta quinta-feira. “Ele nunca pôde usar o aparelho corretivo, mas está lá em casa, agora, à minha espera, muito animado com a vida nova que poderá levar” afirma Aparecido. “A gente agradece, é duro ver o pai quase surdo, triste” observa.
Todos os 13 beneficiados estão previamente agendados para comparecer ao consultório de uma fonoaudióloga do Centro de Habilitação Princesa Victória, nos próximos dias, que atualizará seus diagnósticos e, a partir disso, encaminhará os aparelhos para ajustes necessários e específicos a cada caso, diz a assistente social Sueli Russo Fier, do Fundo Social. Na seqüência, “já adequados às peculiaridades de cada paciente, os aparelhos retornarão aos usuários, que estarão prontos para utilizá-los e recuperar a audição” conclui Sueli.