Manter a cidade limpa, com uma programação de roçadas e retirada desses resíduos que é efetivada periodicamente em toda a área urbana de Rio Claro, é tarefa diária da Secretaria de Manutenção e Paisagismo. O trabalho é realizado por várias equipes, que atuam, simultaneamente, em diversas regiões, utilizando tratores com roçadeiras, equipamentos manuais e caminhões que recolhem os resíduos.
A comunidade, no entanto, também tem se engajado nesta tarefa, motivada pela limpeza constante de terrenos, que em muitos casos são públicos. Exemplo mais recente disso vem do Jardim Boa Vista I, onde reside Jorge Jaoud, de 48 anos. Ele trabalha como síndico em um condomínio residencial distante dali. Mas, considera os arredores de sua casa, o bairro onde vive, um espaço sobre o qual também tem responsabilidades como cidadão.
Há quatro meses, Jorge e, em especial, seus vizinhos Eduardo e Gilson lançaram-se numa empreitada contra a degradação ambiental nos arredores de suas residências. “Testemunhávamos que a prefeitura enviava máquinas e equipes aqui regularmente para fazer a limpeza de terrenos, inclusive os públicos”, relata. “No entanto, nem bem a limpeza era feita e já se notava que algumas pessoas começavam a amontoar todo tipo de lixo no local, desde animais mortos a lixo doméstico, entulhos, tudo o que se possa imaginar”, continua. Uma dessas áreas, com mais de 600 metros quadrados, chamou a atenção de Jorge e seus amigos, bem como de outras pessoas da comunidade que também se sentiram compelidas a agir em favor do meio ambiente. O local fica perto de um antigo campo de bocha.
Assim, o trio de inexperientes, mas determinados preservacionistas começaram a por as mãos na terra. “Consegui a doação de algumas mudas dos moradores do condomínio do qual sou síndico, enquanto o Eduardo e o Gilson também trataram de fomentar a ideia na comunidade do bairro em que moramos, recolhendo mais doações de mudas”, explica Jorge. Logo, eles iniciaram o plantio, começando com mudas de espécies frutíferas, como jabuticabeira, goiabeira, mangueira, pitanga e bananeira. Em seguida, vieram as mudas de flores e, mais recentemente, iniciaram a construção de uma cerca de arame farpado, com um metro de altura, para evitar o acesso de alguns animais de grande porte que pastam nas imediações. “No começo, quando não tínhamos a cerca, uma vaca comeu as mudas que havíamos plantado”, diz Jorge com bom humor. “Agora, além de termos as plantas preservadas, já faz quatro meses que ninguém mais joga lixo na área, sinal de que nossa proposta ganhou a adesão da comunidade”, observa. Boa parte dos custos desta ação que Jorge desenvolve com os amigos e vizinhos sai de seu próprio bolso. “É verdade, costumo por dinheiro neste trabalho, mas é gratificante, sinto-me bem com isso”, admite.
A Secretaria de Manutenção e Paisagismo tem dado apoio ao grupo, confirma o secretário Sérgio Guilherme. “É nossa obrigação manter os terrenos limpos, mas quando encontramos pessoas para colaborar com a limpeza da cidade, tudo fica mais fácil, além do que é muito importante o exemplo que Jorge e seus vizinhos passam para toda a nossa sociedade”, avalia Guilherme.