Exposição pode ser visitada até dia 30 de maio .
O município de Rio Claro inaugurou nesta semana exposição de atabaques que exaltam a cultura afro-brasileira, no Museu Amador Bueno da Veiga. A exposição faz parte do Projeto Omodé, com o apoio do governo estadual, governo federal e Secretaria Municipal da Cultura.
De acordo com Jéssica Martins, curada e idealizadora do Projeto Omodé, a exposição evidencia o atabaque e a pluralidade de tambores e suas nações como fio condutor de reflexões sobre as práticas de silenciamento da cultura afro-brasileira.
O intuito é promover a discussão sobre as tensões existentes em torno da arte pública de matriz africana e afro-brasileira e as estratégias de produção de significados, tanto no campo de patrimônio material quanto no imaterial, expondo o racismo e a intolerância religiosa na batalha de memórias, saberes e expressões que determinam aquilo que se deve ter memória e o que deve ser esquecido para a construção ou apagamento da identidade cultural de um povo.
Em seu texto de apresentação da exposição, Jéssica Martins destaca que o estado brasileiro perseguiu durante anos manifestações culturais e religiosas de matrizes africanas. Entre os anos de 1920 e 1930, mesmo com a carta constitucional de 1891, que já estabelecia no país o estado laico e a liberdade de reflexão e cultos, as religiões de matrizes africanas, principalmente a umbanda e o candomblé, eram consideradas práticas criminosas e diversos objetos ritualísticos e indumentários, como velas, garrafas, animais empalhados, instrumentos como tambores, atabaques e ilus, foram apreendidos como “evidência de crime”.