Durante o mês de Julho o Arquivo Histórico de Rio Claro oferecerá dois
cursos, ambos ministrados por Sonia Marrach, professora aposentada da
Unesp/Marília e, atualmente, pesquisadora do Grupo de Pesquisa
Educação, Comunicação e Sociedade daquela instituição. O primeiro
curso, “As Raízes do Brasil e as Ideias Educacionais” será
desenvolvido nos dias 3,4, 10 e 11 de Julho, das 19h30 às 22h30. Já o
segundo, que abordará a “História Oral”, terá aulas nos 31 de julho e
1º de agosto, também das 19h30 às 22h30. Informações e inscrições com
Carol Hirai, pelo telefone 3522-1935. O Arquivo Histórico está
localizado no Núcleo Administrativo Municipal (NAM), à Rua 6 nº 3265,
Alto do Santana.
Sonia Marrach é autora de “Outras histórias da educação: do Iluminismo
à indústria cultural (1823-2005)” Ed. Unesp, 2009, e de “Música e
universidade na cidade de São Paulo: do samba de Vanzolini à vanguarda
paulista”, Ed. Unesp, 2012.
O curso “As raízes do Brasil e as ideias educacionais” se concentrará
nos três grandes intérpretes do Brasil: Caio Prado Júnior, Gilberto
Freyre e Sérgio Buarque de Holanda que procuraram responder às
perguntas: Que país é este? Como entender o Brasil? Por que mudar a
educação desse país é tão difícil?
Freyre declarou certa vez, em entrevista, que se considerava um rival
de Pedro Álvares Cabral, considerando que também ajudou a descobrir o
Brasil com seus livros “Casa-Grande & Senzala” e “Sobrados e
Mocambos”, onde analisa a sociedade brasileira, focalizando a família
patriarcal e o desenvolvimento das cidades, com o auxílio da
antropologia. Neste aspecto, no entanto, Cabral tem outros rivais
muito importantes, a exemplo de Caio Prado Júnior, que procurou
explicar a formação da sociedade brasileira com base no materialismo
histórico, e, ainda, Sérgio Buarque de Holanda, que interpreta o
Brasil, através da análise dos tipos do real brasileiro, fundamentada
na sociologia e Weber, na história nova dos franceses.
O curso, portanto, unirá dois objetivos, discutindo as obras dos
grandes intérpretes desse país e focalizando a leitura dos clássicos
da historiografia feita pelo educador Paulo Freire, para entender a
história da educação brasileira.
Em relação, ao curso de “História Oral”, o objetivo é mostrar que a
história de vida, além de ser um elemento central na análise
antropológica e sociológica, constitui uma técnica de pesquisa que
pode contribuir para registrar a memória daqueles que vivem e sofrem a
história. É uma maneira de fazer a história do presente, e pode ser
utilizada pelos professores para facilitar a compreensão dos alunos.
A história de vida consiste na expressão dos dados ao longo da vida de
uma pessoa, escritos pela própria pessoa ou colhidos em entrevistas
para serem transcritos. Sua importância reside em que as experiências
das pessoas pesquisadas são transmitidas por elas próprias e não pelo
jargão formal e acadêmico, raramente capaz de exprimir a vivência, a
memória e a época. A nossa sociedade, agarrada ao presente das câmaras
e microfones, não tem o hábito de cultivar a memória. Por isso a
história de vida é importante, pois ela recupera a memória social. Não
a história oficial, celebrativa dos grandes personagens, mas as outras
histórias do povo com seus processos de mudanças e rupturas, a
história social vivida na cidade, na escola, no trabalho, na
universidade.
A memória não é um fato individual, mas um fato social. Na memória do
indivíduo, perpassam a realidade grupal, as instituições escolares, as
instituições sociais, as convenções, os valores culturais e políticos.
Nas lembranças verifica-se uma história social bastante desenvolvida.