MENU

accessible_forward Acessibilidade
10 de janeiro de 2011 Sem categoria

De Sergipe para Rio Claro, o conhecimento de Da. Francisca

A sergipana Francisca Pereira da Silva, 49 anos, conversou durante mais de duas horas, nesta segunda-feira, 10, em encontro com a comunidade realizado na sala de reuniões que integra o gabinete do prefeito de Rio Claro. Foi ouvida por um público majoritariamente feminino que incluiu a vice-prefeita e secretária municipal de Governo, Olga Salomão, e as vereadoras Maria do Carmo Guilherme e Raquel Picelli. Compôs a mesa de autoridades também o secretário de Agricultura, Carlos Alberto Teixeira De Lucca e a diretora de Abastecimento daquela pasta municipal, Maria Elena De Mori, principal responsável pela vinda da visitante a Rio Claro.

Sem rodeios, com o sotaque carregado e o bom humor próprio dos nordestinos, Francisca, que já fez 49 partos ao longo de sua vida, atendendo mulheres das comunidades carentes no sertão de Sergipe, tem muito a ensinar sobre medicina alternativa, recurso essencial numa região brasileira que durante séculos desconheceu a presença de médicos ou de qualquer outro profissional de saúde.

Residente no assentamento São Roque, no município de Cristinápolis, ela conhece profundamente a realidade em que vive. “Fui beber água numa casa, quando tinha oito anos, e encontrei uma mulher em trabalho de parto” explica ao contar como iniciou seu aprendizado. “Não teve jeito, tive de me virar e ajudar aquela mulher a trazer a criança para a vida” relata.

Francisca confirma sua habilidade com as plantas medicinais, às quais ela recorre desde criança, prosseguindo uma tradição herdada do sertão nordestino. No entanto, afirma, é complicado falar dessas plantas em regiões diferentes do país, porque as pessoas costumam dar nomes diferentes a uma mesma espécie.   “Estamos procurando uma forma de padronizar esses nomes, de maneira que em qualquer parte do Brasil as pessoas reconheçam rapidamente de qual tipo de planta estamos falando”, informa.

Defensora do aleitamento materno, do parto natural, teses que ela difunde cotidianamente nas comunidades que visita em seu estado, Francisca justifica suas atitudes: “Tudo que é natural, que acontece no tempo que a natureza determina tem mais qualidade”, afirma em referência ao parto normal, que muitas mulheres, principalmente nas classes mais altas, ainda resistem em adotar.  “O procedimento só deve ser evitado se houver risco parta a mulher ou o bebê”, concede Francisca. “Mas precisamos encontrar um jeito de fazer conviver a medicina natural e a científica”, aconselha, sob o argumento de que o ser humano é precioso, que a ciência não pode tratá-lo com indiferença, como um número estatístico, como um produto fabricado em série.

Reconhecida dentro e fora do Brasil, Francisca participou, em janeiro de 2010, do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, atraindo grande interesse por sua palestra. Foi quando ela conheceu a diretora de Abastecimento da Prefeitura de Rio Claro, Maria Elena.  Por conta deste reconhecimento e popularidade, a agenda de Francisca registra muitos compromissos, que a fazem deixar Sergipe constantemente, difundindo suas habilidades, sua rica bagagem.

Nesta segunda-feira, ao ser ouvida em Rio Claro, ela já chamou a atenção de algumas instituições, que devem aproveitar sua estadia na região para aprender com esta sergipana que se orgulha de não receber salário para realizar seu apostolado no agreste de Sergipe. “Faço porque amo meu povo”, resume.

Skip to content