A historiada e restauradora de bem móveis, Jacqueline Assis e a arquiteta Lea Therezinha Alves de Carvalho, ambas do escritório do IBRAM – Instituto Brasileiro de Museus, no Rio de Janeiro, reuniram-se na tarde desta quarta-feira, 30, com representantes da prefeitura, em Rio Claro, Elas vieram se inteirar pessoalmente da situação do prédio do Museu Histórico Amador Bueno da Veiga, atingido por um incêndio no dia 21 deste mês.
Os interlocutores do município na conversa foram os secretários municipais de Obras, Ivan De Domenico, de Segurança, José Gustavo Viegas Carneiro, este acompanhado pelo diretor de Defesa Civil, Danilo Almeida e a diretora do Patrimônio Histórico e Cultural da Secretaria de Cultura de Rio Claro, Marizilda Couto Campos. A reunião teve também a presença do diretor do Atelier Artístico Sarasá, Antonio Sarasá Martins, que anteriormente já tinha contribuído com o museu ao realizar a prospecção arquitetônica do edifício e executar a primeira fase de restauração do prédio, bem como assessorando as obras de cobertura daquele patrimônio, em 2003.
A partir da esquerda, Marizilda, da Secretaria de Cultura, Jacqueline e Lea (ambas do IBRAM) e o secretário Ivan De Domenico, de Obras
Segundo a arquiteta Lea, do IBRAM, ambas, ela e a historiada Jacqueline, vieram a Rio Claro com o propósito de visitar o prédio sinistrado do museu e dialogar com as autoridades locais sobre as perspectivas possíveis de restauração do prédio, também conhecido como Solar da Baronesa e tombado pelo Condephaat. “Fizemos várias fotos, entramos no local, fizemos uma avaliação superficial da situação e colhemos todas as informações possíveis”, explicou Jacqueline. “Isso vai resultar num relatório que estaremos produzindo e entregando, nos próximos 15 dias, aos nossos superiores”, assinalou Léa.
As duas especialistas, contudo, devem cumprir mais um compromisso na cidade na manhã desta quinta-feira. “Queremos conhecer o acervo de 10.000 peças, aproximadamente, que se encontrava preservado fora do museu”, afirmaram. “Todas as nossas observações serão descritas no relatório”, justificou a historiadora Jacqueline. “Fundamental é que este material, preservado até aqui, permaneça em condições adequadas até que se encontre uma solução apropriada para acomodar este acervo, seja no museu restaurado ou em algum outro espaço que venha a ser criado”, argumentou Lea.
O IBRAM é responsável por 28 museus que estão localizados, principalmente, nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em princípio, portanto, a possibilidade de assinatura de convênios com instituições do gênero ficaria restrita aos museus sob a responsabilidade do órgão, explicaram as especialistas. De qualquer forma, a finalização do relatório e a entrega deste ao presidente do órgão, José Nascimento Junior e ao diretor do Departamento de Processos Museais do instituto, Mário Chagas, poderá apontar outro caminho.
Um entrave levantado pelas especialistas reside na constatação de que o país está em período eleitoral, quando a legislação vigente estabelece rigor a eventuais repasses de recursos na esfera pública. A questão, de qualquer forma, será avaliada juridicamente no IBRAM e talvez possa chegar ao Ministério da Cultura. É preciso verificar se um patrimônio como o museu rio-clarense também está sujeito a estas restrições, acrescentaram as duas especialistas.